Desde o advento da decisão do governo de aumentar bruscamente o preço do arroz na Guiné-Bissau, temos testemunhado um cenário em que os interesses comerciais parecem sobrepor-se ao bem-estar da população. Essa medida incoerente não é apenas uma questão de cedência às pressões do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas representa a proteção dos interesses mesquinhos de comerciantes disfarçados de políticos oportunistas.
O impacto negativo nos pequenos produtores
Anteriormente, o preço acessível do arroz facilitava as trocas comerciais entre a castanha de cajú e o arroz, essenciais para a subsistência dos produtores. No entanto, a fixação de preços máximos em níveis elevados coloca os camponeses em desvantagem, alterando drasticamente a equação de troca entre arroz e castanha de cajú.
Um saco de 50 quilogramas de arroz, que antes custava 17.500 fcfa, agora requer uma quantidade desproporcional de castanha de cajú para adquiri-lo.
A disparidade nos preços estabelecidos mostra como as decisões governamentais prejudicam diretamente os camponeses, privilegiando lucros exorbitantes dos comerciantes em detrimento da sustentabilidade econômica dos mais vulneráveis.
Desigualdade gerada e consequências para a população
O aumento do preço do arroz, base alimentar da maioria dos guineenses, revela a insensibilidade dos decisores políticos frente à realidade da população, especialmente daqueles que vivem na pobreza extrema.
O salário mínimo no país é significativamente inferior ao preço fixado para o arroz, evidenciando a discrepância entre a capacidade de compra dos cidadãos e as decisões governamentais.
Enquanto os comerciantes buscam maximizar seus lucros, o povo sofre as consequências diretas dessa política desastrosa, com famílias lutando para garantir uma refeição diária diante da pressão inflacionária.
Alternativas e necessidade de investimento na agricultura
Diante desse cenário preocupante, torna-se essencial redirecionar a política econômica para garantir a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável do país.
"É urgente que o país aposte seriamente na agricultura, promovendo a mecanização agrícola, a formação e especialização dos jovens, além do incentivo à produção em larga escala. Somente assim poderemos garantir a soberania alimentar e reduzir a vulnerabilidade da população."
A decisão do governo de aumentar o preço do arroz revela não apenas um descolamento da realidade socioeconômica do país, mas também a prevalência de interesses comerciais sobre o bem-estar da população. Urge a necessidade de medidas que priorizem a sustentabilidade econômica e a justiça social, colocando o desenvolvimento agrícola no centro das políticas públicas. É tempo de priorizar o povo e investir no futuro, para garantir uma Guiné-Bissau próspera e equitativa para todos os seus cidadãos.
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