Denúncia da Organização
A Associação de Mulheres Jornalistas da Guiné-Bissau denunciou esta segunda-feira o que considera uma “inaceitável violação da liberdade de expressão”. A condenação foi feita em uma nota consultada pela Rádio Sol Mansi, na qual a organização expressou solidariedade à jornalista Indira Correia Balde, que foi impedida de cobrir eventos relacionados ao poder político no país.
O Impedimento de Indira Correia Balde
O incidente envolvendo a repórter da RTP África em Bissau ocorreu durante uma atividade oficial da ministra da Saúde Pública interina, Maria Inácia Sanha. A ministra abandonou a sala ao perceber a presença da jornalista, e, em seguida, Indira foi convidada a deixar o local. Conforme relatado, o assessor da ministra afirmou que a decisão de afastar a jornalista foi um cumprimento de “ordens superiores”.
As "Ordens Superiores"
Segundo Correia Baldé, foi informado que essas “ordens superiores” partiriam do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, que determinou que a jornalista não poderia estar presente em nenhuma atividade do Governo. Este fato levanta preocupações sobre a autonomia e liberdade de imprensa em um contexto onde cada vez mais se faz necessário o diálogo entre jornalistas e o governo.
Reação da Associação
A Associação de Mulheres Jornalistas da Guiné-Bissau qualificou esse ato como uma “flagrante e inaceitável violação da liberdade de expressão e dos direitos humanos”, aspectos que são garantidos pela Constituição do país e tratados internacionais dos quais a Guiné-Bissau é signatária. A nota enfatiza a firme determinação da organização em não permitir que as vozes de seus membros sejam silenciadas.
“Indira Correia Baldé, além de ser uma profissional exemplar, é também membro dirigente da AMPROCS, e qualquer ataque à sua pessoa e ao exercício do seu trabalho é um ataque a todos nós”, destaca a nota.
A Exigência de Mudanças
A Associação fez um apelo às autoridades guineenses para que tomem medidas que impeçam a repetição de atos de censura e limitação da liberdade de expressão no país. A situação atual não só afeta a jornalista diretamente, mas também cria um ambiente hostil para a prática do jornalismo em geral, que é essencial para a democracia e a transparência.
Resposta do Presidente e Repercussões
Durante a posse de novos membros do Governo, Umaro Sissoco Embaló declarou que não havia dado ordens para impedir a cobertura da jornalista, mas reiterou que ela estava proibida de “pisar o palácio enquanto for Presidente da República”. Essa afirmação gera mais questionamentos sobre a relação entre o governo e a imprensa, especialmente em um contexto onde a liberdade de expressão está sob constante ameaça.
O SINJOTECS (Sindicato Nacional dos Jornalistas e Técnicos de Comunicação Social) também condenou a atitude do presidente, acusando-o de “desrespeito ao papel dos jornalistas”. Em uma série de episódios, a tensão entre o governo e a imprensa se intensificou, levando o sindicato a apelar, em julho, para o boicote de eventos relacionados ao presidente. Embora o chamado não tenha sido completamente seguido, a insatisfação no meio jornalístico é palpável.
O Boicote e a Resposta do Presidente
Em resposta a essa movimentação, o Presidente Sissoco Embaló insinuou que ele próprio havia boicotado jornalistas e seu sindicato, alegando que a direção de Correia Baldé estava “ilegal” devido à caducidade de seu mandato. Essa situação traz à tona as lutas internas dentro da profissão e as complexidades que envolvem a liberdade de imprensa em uma democracia em desenvolvimento.
Conclusão
A recente violação da liberdade de expressão na Guiné-Bissau, destacada pela Associação de Mulheres Jornalistas, evidencia a urgência de se garantir um ambiente seguro para o exercício do jornalismo. A proteção dos direitos dos jornalistas e o respeito pela liberdade de imprensa são pilares essenciais para qualquer sociedade democrática. É imperativo que ações concretas sejam tomadas para que situações de censura e repressão não voltem a se repetir, fortalecendo a voz da liberdade e da justiça em Guiné-Bissau.
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